A importância de entender e respeitar as diferenças no casamento

Quando falamos de casamento, nos referimos a duas pessoas diferentes uma da outra e que compartilham do mesmo local, ou seja, o mesmo lar (Gênesis 2.24). Essas duas pessoas com gostos, pensamentos e comportamentos diferentes terão, uma hora ou outra, desejos distintos, discordarão de algo e questionarão fatos que para um são totalmente normais, mas para o outro são inaceitáveis. Essa dinâmica no relacionamento é provocada pelas desigualdades que há entre todos nós e, somado a isso, o ser humano, por natureza, possui um ego muito inflado, o que ocasiona uma deficiência em sair do seu mundinho e olhar as necessidades do próximo. Poucos conseguem enxergar o mundo à sua volta pela perspectiva do próximo. Carnegie (2006, p. 185) explica que é necessário entender sempre as razões do próximo para depois julgar se está certo ou errado. No entanto, todos sabemos que a maioria de nós já julga imediatamente. Note este exemplo: se um chefe de obras chegasse na construção por volta das 15h e não encontrasse ninguém, qual seria a reação dele? Certamente iria ficar muito irado e ligar para seus subordinados a fim dê chamar-lhe a atenção. Todavia, se antes de descarregar uma multidão de ofensas ele perguntar-se o porquê, poderia ser que descobrisse que a equipe parou um pouco para não comprometer a secagem do concreto.

Você compreende a importância de entender as razões para depois julgar os fatos? No casamento, não é diferente. Se você chega em casa e se depara com algo que para você é inaceitável, respire e primeiro entenda as razões para depois fazer julgamentos. Mas, como se diz, essa é a expectativa; a realidade é bem diferente. A maioria dos cônjuges se comporta de acordo com sua forma de ver o mundo e esquece que as pessoas são diferentes, o que os leva a criticar sempre quando se deparam com algo visto como errado.

Essa cultura de determinar comportamentos errados baseado apenas na própria maneira de enxergar e entender os fatos adentra o casamento, pois no ato de contrair o matrimônio ninguém deixa sua formação cultural para trás e inicia um novo "eu". Essa cultura atrapalha e limita a capacidade de empatia. Exatamente por isso à inúmeros casais brigando, entrando em "pé de guerra" pela incapacidade de entender a forma de pensar, de agir, de ser de seu cônjuge. Há casais que perecem anos por falta de entender as diferenças do seu cônjuge. Se você fosse analisar os principais motivos que desencadeiam discussões em seu casamento, provavelmente chegará à conclusão que são os mesmos motivos de 5, 10 ou até mesmo 20 anos atrás. E nós insistimos em continuar brigando pela cama não arrumada, pela toalha em cima da cama, pela falta de agilidade na resolução de problemas e tantos outros hábitos que são fontes de grandes frustrações e irritações em seu casamento. Como dizem amigos meus, "não brigamos em prol da paz mundial; brigamos por coisas pequenas, porém que tomam grandes proporções ao longo dos anos". Todos esses comportamentos são resultados de uma cultura já construída. Então, o que fazer?

"A harmonia das culturas é um processo árduo, mas necessário. [...] cabe ao casal ajustar suas diferenças" (LIMA, 2020, p. 25). Entender as diferenças não é o mesmo que conhecer seu cônjuge. Entender as diferenças é conhecer os aspectos diferentes entre você e a outra pessoa. Se você é ágil, é possível que se irrite com quem seja mais calmo e devagar. Ou se você é extremamente sistemática, gosta das coisas sempre no mesmo lugar, valoriza a pontualidade, certamente se estressará com quem é despreocupado, que não dá tanta importância se a lâmpada está apagada ou acesa.

Todos os cônjuges possuem suas particularidades e semelhanças, mas todos possuem aspectos que não se coadunam. Esse é o ponto crucial e de mudança para uma vida mais feliz. Entender essas diferenças é o início para um relacionamento mais saudável. Mas, como desenvolver essa capacidade? Para isso, são necessários alguns comportamentos.

Conheça a cultura do seu cônjuge. Um passo crucial para um relacionamento mais amoroso, afável e feliz é conhecer a cultura do seu cônjuge. Quando digo conhecer a cultura, quero que você descubra as origens dos comportamentos do seu cônjuge. Fazendo essa descoberta, chegará à conclusão de que muitas coisas que você acha que ele ou ela não mudara não é por não querer, mas por um fator cultural, uma dificuldade de mudar o comportamento já formado. Um hábito que para você pode ser algo fácil de mudar para seu cônjuge pode ser extremamente difícil.

Esse entendimento é a base para você começar uma abordagem diferente. Não é por meio de críticas ou da força que se promove mudança comportamental. Quando os cônjuges conhecem a formação cultural um do outro, ambos saberão que determinado ponto de estresse já é fruto de raízes familiares e precisa de motivação e uma abordagem que agregue interesse para que seja desconstruída a cultura formada. Carnegie (p. 62) comenta que toda mudança é gerada pelo interesse de mudar. Você deve gerar o desejo no outro de mudar. Mas, até que essas mudanças ocorram, é necessário entender e respeitar as diferenças a fim de evitar brigas e mais brigas.

Respeitar as diferenças. Depois de conhecer bem a formação dos comportamentos de seu cônjuge, passe a respeitar as diferenças. Paulo nos orienta a suportar uns aos outros em amor (Efésios 4.1-3). O apóstolo sabia dos conflitos existentes nas relações humanas, por isso diz ser fundamental respeitar as diferenças do próximo. Querer que todos concordem com tudo é basicamente impossível. Inclusive, para saber quando estamos errados, é preciso entender as coisas pela maneira que o outro está entendendo. Outro detalhe é que mudanças positivas são bem-vindas, mas a maioria tenta impor tais mudanças. Antes de desejar as mudanças é preciso aceitar seu cônjuge da forma que é. Isso é respeitar as diferenças. Se as mudanças chegarem, maravilha; se não, aprendam a harmonizar as diferenças e sejam felizes.

Harmonizando as culturas. Quando o casal conhece a cultura um do outro e respeita as diferenças, logo as culturas começam a se harmonizar. Aqueles comportamentos que antes eram fonte de tantas brigas serão vistos de forma diferente. O cônjuge irá entender o porquê de tal comportamento indesejado e abordará a sua insatisfação de forma equilibrada e amorosa. A importância de entender e respeitar as diferenças um do outro dentro do casamento é uma base importantíssima para a felicidade do casal. Essa realidade exige maturidade e muita empatia.

Referências bibliográficas:

CARNIGIE, Dale, 1888-1955. Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas. 2ª reimpressão - Companhia Editora Nacional, SP 2006.
LIMA, Auricléssio da Silva. Casais em Conflito: saiba o que fazer diante dos piores conflitos conjugais / Aline Pires - 1ª ed. - Joinville, SC: EDITORA SANTONINI, 2020.

Por, Aucléssio de Lima.

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