O que a Bíblia diz a respeito de o cristão comer alimento com sangue?
No Antigo Testamento, encontramos fartas e sólidas advertências proibindo o consumo de sangue de animais, mesmo que de animais considerados limpos (Levítico 3.17; 7.26). O Senhor falou aos israelitas dizendo: “Portanto, tenho dito aos filhos de Israel: nenhuma alma dentre vós comerá sangue, nem o estrangeiro que peregrine entre vós comerá sangue, portanto é a alma de toda carne; o seu sangue é pela sua alma; por isso tenho dito aos filhos de Israel: não comereis o sangue de nenhuma carne, por que a alma de toda a carne é o seu sangue; qualquer que comer será extirpado” ( Levítico 17.12,14).
A primeira referência bíblica sobre tal proibição, e que antecede a Lei Mosaica, está registrada em Gênesis 9.4, fazendo-nos entender a universalidade da vontade divina sobre o não consumo do sangue. Observe que as sansões pela desobediência eram severas (Levítico 17.10). O sangue era o elemento que efetivava a expiação do pecado, promovendo vida e perdão ao transgressor, legitimando assim a sua proibição para o consumo humano (Levítico 17.11). Nos parece que o que está em questão é a presença do sangue não drenado, misturado à carne, cujo consumo contrariava frontalmente as Leis Cerimoniais dadas aos israelitas, visto que o sangue era a base do sistema de sacrifícios.
Era terminantemente proibida a inclusão do sangue no cardápio do povo de Deus, porque o sangue, como símbolo e força motriz da vida, portanto, uma dádiva de Jeová, pertencia exclusivamente a Ele. Sendo assim, não podia ser produto de consumo na dieta israelita ou de qualquer outro povo da Antiguidade, de acordo com Levítico 17.10. Aquele que desobedecesse ao santo preceito, como faziam os pagãos, teria pela frente, em Israel, a pena capital, visto que o sangue era considerado sagrado, legitimo instrumento da vida humana. Tanto o comer carne com sangue era transgressão quanto a ingestão do sangue somente. Não só o livro de Levítico, mas todo o Pentateuco é rico em referências proibitivas acerca dessa prática. A afirmação bíblica de que a vida está no sangue (Levítico 17.11,14), ou que o sangue é a vida (Deuteronômio 12.23), exprime o nível de seriedade do assunto. O sangue representa a vida e esta é tão preciosa perante Deus, que a Bíblia diz que o sangue do justo Abel pode ser descrito como um clamor a Deus por vingança (Gênesis 4.10).
Depois do período diluviano, Deus proibiu o comer carne com sangue de animais, apesar de permitir a sua matança para suprir a necessidade de alimento para o homem (Gênesis 9.3,4; Atos 15.20, 29). É importante destacar que o sangue dos animais mortos na caça e destinados a alimentação era derramado na terra e por ela coberto (Levítico 17.13). Entendemos que Deus proibiu definitivamente o consumo de sangue ou de carne com sangue em todas as épocas. No Novo Testamento, a Palavra de Deus continua a proibir o consumo de ambos. Lucas escreveu: “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá” (Atos 15.28,29).
Ainda que alguns defendam a não observação desse mandamento no Novo Testamento, alegando que a sua guarda era apenas para não gerar ofensa aos preceitos judeus assim como uni-los aos gentios nas refeições, interpretando que o texto de Atos 15 registra simples conselhos para promover bons relacionamentos, alicerçando a política da “boa vizinhança”, nós, porém, entendemos que estes preceitos não eram meras recomendações humanas, visto que fora o próprio Espírito Santo, que é Deus, quem ordenou esse ensino. Nenhum homem ou instituição, portanto, pode vetar e desconsiderar aquilo que o Senhor estabeleceu como decisão própria (João 16.13; 1Co 14.37). Se esses mandamentos “são coisas necessárias” (Atos 15.28), não poderemos dar a eles caráter facultativo. Entendemos que a vontade do Senhor deve estar acima da humana. Decerto, aqueles decretos deviam ser guardados pelos irmãos (Atos 16.4), ganhando caráter obrigatório (Atos 17.7). Certamente eles reforçavam a ideia de que não eram decisões opcionais ou temporais.
Concluímos que não se deve comer carne de animais mortos por sufocamento ou estrangulamento em virtude de não terem sido sangrados. É comum a carne de aves mortas através de sufocamento tornarem- -se escuras pela presença do sangue não extraído. Portanto consumir carne de animais sufocados, chouriços de sangue de suínos, frango ao molho pardo à base de sangue e outro cardápios semelhantes, de acordo com algumas culturas locais, constitui, dentro de nossa compreensão, e principalmente à luz do texto Sagrado, transgressão à Palavra de Deus.
Por, Carlos Alberto dos Santos.
Se este artigo foi útil para você compartilhe com seus amigos.
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante