Administrando grupos musicais – Parte II

Administrando grupos musicais – Parte II


Na primeira parte deste assunto, estávamos orientando os pastores e os maestros na condução do trabalho ministerial voltado para a música de adoração a Deus. Prosseguimos elencando as diversas disposições que decerto ajudarão no crescimento, na administração e numa condução mais evolutiva de todos os envolvidos nesse santo trabalho.

I – Ainda ao maestro ou maestrina

a) Se torna imprescindível que os arquivistas, previamente eleitos em assembleia que consignou o regimento, tenham prévia ciência dos hinos que serão estudados e, antes do início do ensaio, todas as partituras devem estar dispostas nos lugares de cada componente, para se evitar atrasos.

b) Escolha hinos compatíveis com o nível do grupo, analisando sempre sua estrutura musical e conteúdo literário, se são assimiláveis no contexto religioso e cultural da igreja. Lembre-se sempre que os hinos são elementos de adoração a Deus e não para demonstração artística. A arte sempre estará em evidência por si só. Não precisamos nos envolver com o orgulho disso. A glória é dEle!

c) O maestro, por sua vez, deve conhecer em todos os detalhes as partituras selecionadas, tais como o autor (origem, crença, estilo, sua teologia); demarcar em sua partitura todos os pontos a serem evidenciados, tais como ataques, cortes, dinâmica (crescendo, decrescendo, piano, forte etc.) etc., para que sua administração de leitura coletiva não cause insegurança no grupo e nem haja perda de tempo.

d) Caso haja uma orquestra ou grupo instrumental (geralmente em coro jovem), cada instrumentista deve ter sua partitura devidamente preparada pelo maestro ou pelo seu arranjador/orquestrador, minuciosamente conferida pela grade que a originou para que, durante o ensaio, não haja interrupção de ensaio, para não trazer desconforto e perda de tempo.

e) Posicione o coral, de preferência sobre um praticado (degraus), colocando as pessoas mais baixas à frente para que elas tenham uma boa visão de sua regência. Faça sempre apelo na igreja para conseguir mais vozes masculinas, especialmente do naipe de baixos, o que é muito raro a nós latino-americanos.

f) Inicie o ensaio sempre com exercícios vocais (relaxamento, respiração e vocalizes), se possível em sala separada da orquestra enquanto esta cuida de exercícios de respiração e afinação individual, de naipes e de todo grupo. Após esse preparativo, inicie a leitura de partituras pela música mais fácil e menos exigente em termos de tessitura. Termine o ensaio lendo a música mais entusiasmante, pois assim o cansaço será atenuado.

g) Mantenha sempre um alto nível de respeito com seus comandados e coopere para que entre eles isso também ocorra. Caso haja dificuldades individuais, jamais desmereça a pessoa e, se for mais oportuno, evite a sua exposição, exigindo tocar ou cantar o trecho dificultoso diante de todos. Há quem não se importa, mas há quem se intimida. Você precisa conhecer cada um e agir com sabedoria e cortesia. O ideal é marcar com a pessoa uma leitura em separado em outro dia. Via de regra, com bom jeito, consegue-se corrigir dificuldades no mesmo momento da falha. Lembre-se sempre: “A palavra dura suscita a ira, a branda destrói o furor”, Provérbios 15.1. Lembre-se também que os seus comandados são voluntários e têm as mesmas paixões que você.

h) Jamais participe de um culto, sem o prévio conhecimento dos hinos que serão utilizados bem como o fornecimento das partituras a todos os participantes. Eleja alguém do grupo instrumental para ser o responsável pela distribuição das estantes antes da oração inicial e que haja sua desmontagem, bem como o recolhimento das partituras, somente após a bênção apostólica.

i) Estimule todos a participarem dos cultos regulares, especialmente a Escola Dominical e o culto de estudo da Palavra. Incentive também para que contribuam com os dízimos e ofertas, orientando através da Bíblia como isso redunda em bênção para quem assim faz. Note como são poucos os que cumprem os conselhos desse item.

j) Uma maneira de manter uma orquestra ou um coral em vida é criar uma escola de música na própria igreja, atendendo a todos os instrumentos dentro do possível. Invista todos os esforços para ter o maior número de cantores em aulas regulares de canto. Isso se constitui numa dura tarefa, mas se utilize de exemplos seculares (grandes cantores) e aconselhamento bíblico focando esse comportamento.

II – Aos cantores e instrumentistas

a) Só ingresse no grupo, se você tem a chamada do Senhor e aceita se submeter à disciplina que um trabalho desse exige. Respeite e acate o que o seu maestro passa ao grupo, pois ele foi colocado ali por Deus pra lhe servir. Respeitando a ele, você estará respeitando seu pastor e respeitando, acima de todos, Aquele que o colocou ali justamente para atender. Na dúvida, converse com ele com amistosidade e visando à edificação de todos.

b) Não aceite, não admita, ficar sem estudar canto, se o seu caso é o coral. Ninguém nasce cantando. Ao contrário, praticamente todos nascem chorando. Deus preparou seu sistema fonador, dotado de órgãos especiais, para que você produza uma voz cantada maravilhosamente, grandiosa e envolvente. Jamais deixe de estudar seu instrumento musical após ingressar na orquestra ou banda (marcial ou jovem). Não se acomode, pois o retrocesso é certo e crescente. Lembre-se sempre que você canta ou toca para alguém que entende tudo sobre a arte musical: o Senhor Deus. Saiba que os músicos do mundo estudam em média 8 horas por dia, em troca de salário e aplausos. Não é à toa que a Bíblia nos diz: “Os filhos do mundo são mais prudentes que os filhos da luz”, Lucas16.8.

c) Você sente atração para a música porque Deus lhe dotou de uma sensibilidade aguçada. Porém, essa sensibilidade atende a outras áreas de sua vida. Perceba, caso ainda não descobriu, que a pintura, a escultura e a poesia lhe são facilmente assimiláveis. É só estudar essas artes que tal evidência se constatará. Todavia, essa mesma sensibilidade influencia em muito seu humor. Basta alguém tomar o seu lugar no coral ou na orquestra ou se fizer, mesmo que sem querer, algo que não lhe agrade, para que essa sensibilidade dispare um comportamento que ao crente não convém. Trata-se do melindre, da mágoa, da chateação. Muitos se apropriam dessas condutas buscando benefícios próprios e é aí que mora o perigo. Muitos conflitos ocorrem por total falta de conhecimento disso. A solução é termos domínio próprio (Gálatas 5.22,23).

Sejamos dóceis, pacientes, tolerantes, possuidores de palavreado manso, e o Senhor será louvado em nossas vidas. Dizem que Satanás atua muito em meio aos músicos da igreja; mas, pense bem: Quem é que estende o tapete felpudo e vermelho para ele?

d) Assim como você estranha muito que grandes preletores adentrem o templo sempre atrasados e geralmente após o momento dos louvores, não se deve de forma alguma se distrair durante as mensagens, lendo partituras, saindo do seu lugar, conversando etc. São dois momentos magníficos. O primeiro é quando tocamos em Deus. O segundo é quando Deus toca em nós. Não nos distraiamos, não percamos nenhum dos dois.

e) É atribuição de seu maestro adequar os lugares no coral e orquestra de acordo com o naipe – e no caso de coral, ele deverá levar em conta também a altura de cada componente. Ajude-o atendendo ou até antecipando ações, deixando as pessoas mais baixas à frente para melhor visualização da regência. Acredite que ele sabe de detalhes técnicos que você certamente desconhece. Facilite! Não fique criando atritos por causa de lugar no seu grupo, senão você poderá perder seu lugar no Céu!

f) Normalmente, os grupos musicais criam uma caixinha financeira para suprir necessidade coletivas (partituras) e às vezes individuais (uma condução para um componente desempregado). Seja cooperador(a) nisso e fi el. O Senhor nos diz: No pouco me foste fiel, no muito te colocarei”, Lucas 19.17).

Enfim, façamos tudo com ordem e decência, para que Deus seja glorificado em nossas vidas.

por Nilton Didini Coelho

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