No Ocidente, avança agenda social anticristã e surge maior ataque à liberdade de expressão já visto desse lado do mundo contra conservadores
Segundo levantamento da agência Portas Abertas divulgado em 13 de janeiro [2021], a perseguição aos cristãos no mundo cresceu mais de 30% em 2020, perfazendo um total de mais de 340 milhões de cristãos perseguidos em todo o planeta. Ano passado, eram 260 milhões.
A população cristã no mundo se deparou com o aumento da violência em regiões específicas, como no continente africano, e com o aumento de pressão e ameaças devido ao uso de tecnologias de sistemas de vigilância para monitorar cristãos, como na China e na Índia.
A pesquisa realizada anualmente pela agência Portas Abertas combina extensas pesquisas de campo com dados de especialistas e cristãos perseguidos em seus respectivos países e comunidades. Um dado interessante é que a pandemia de COVID-19 exacerbou a discriminação sistêmica subjacente contra os cristãos em alguns países, promovendo tratamento desigual e até mesmo perseguição física, o que foi experimentado pelos cristãos em mais de 60 países acompanhados pela Portas Abertas.
Este ano, pela primeira vez, todos os 50 principais países pontuam acima de 61 pontos, ou seja, Perseguição Severa; os 12 primeiros países da Lista, apresentam Perseguição Extrema, contra 11 no ano passado. Além dos 50 primeiros, mais quatro países também pontuaram Perseguição Severa (Cuba, Sri Lanka, Emirados Árabes Unidos e Níger).
A COVID-19 foi um catalisador para a repressão de cristãos minoritários, que em países como Bangladesh, Índia, Paquistão, Iêmen e Sudão às vezes tiveram a ajuda emergencial do governo negada. Alguns foram informados que era porque “Sua Igreja ou seu Deus deve alimentá-lo” ou mesmo “o vírus foi criado e espalhado pelo Ocidente, de onde veio sua religião e seu Deus”.
O grupo islâmico Al Shabaab na Somália culpou os cristãos pelo coronavírus, dizendo que o vírus foi espalhado pelas forças cristãs que invadiram o país e que os “infiéis” (como são chamados os cristãos ex-muçulmanos) são responsáveis por toda essa desgraça. No Sri Lanka, o coronavírus era o pretexto para a polícia visitar casas e igrejas cristãs e investigar os membros e atividades da igreja.
Enquanto isso, degeneração de valores e censura no Ocidente
Se o ano de 2020 foi sobre medo, o ano de 2021 está sendo no Ocidente, até agora, sobre censura e controle. O novo ano começou com o forte avanço da agenda social antivalores cristãos e com o aumento da censura aos conservadores nas redes sociais, naquele que já é considerado o maior caso de ataque à liberdade de expressão na história do Ocidente.
Na madrugada de 30 de dezembro, o Senado da Argentina legalizou a prática do aborto no país através de um projeto de lei que autoriza a interrupção da gravidez nas primeiras 14 semanas de gestação. Vigorava na Argentina até então a autorização para o aborto apenas nos casos de estupro e de risco de vida da gestante, permissões iguais às da legislação brasileira. Logo após o anúncio da aprovação do assassinato de crianças em gestação no ventre de suas mães, o presidente argentino, o socialista Alberto Fernández, lembrou que a legalização do aborto foi uma promessa de sua campanha eleitoral em 2019. “Foi o que prometi durante a campanha eleitoral”, escreveu o mandatário no Twitter após a votação no Senado.
Em 2018, durante o governo de Mauricio Macri, o projeto foi aprovado na Câmara, mas acabou rejeitado no Senado. Desta vez, o tema, levado à votação novamente por nova proposta encaminhada pelo atual presidente argentino, recebeu 38 votos a favor, 29 contra e uma abstenção.
No final de 2020 e início de 2021, os valores cristãos tornaram-se alvo de ataques na Inglaterra por parte de ditos “militantes LGBT cristãos”. O alvo da vez foi uma universidade cristã, a Oxford Inter-Collegiate Christian Union (OICCU), que foi acusada de “homofobia” pela “ativista LGBT cristã” Jayne Ozanne, que manifestou o seu desagrado com o ensino da Palavra de Deus sobre moralidade sexual apresentado aos alunos daquela entidade. A instituição foi atacada também pelo jornal estudantil “The Oxford Student” por ela defender os valores cristãos, bíblicos, quanto à ética sexual.
Na Austrália, um caso envolvendo uma adolescente de 15 anos que se autodeclara transgênero tem sido foco de polêmicas na sociedade australiana. As autoridades retiraram uma adolescente da guarda dos pais por eles não concordarem que a menina fizesse um tratamento hormonal para tornar-se um menino. Os pais se opuseram à ação e estão em processo de apelação da decisão na justiça.
Um juiz australiano do tribunal infantil do estado ordenou que a adolescente de 15 anos fosse removida de sua casa após o magistrado saber da recusa dos pais de permitir “a transição sexual”. Ele considerou a recusa como “abusiva”, inclusive citando algum risco da menina se machucar, pois, ela teria discutido o suicídio em salas de chat online (salas de bate-papo na internet).
O pai da moça concedeu entrevista ao jornal The Weekend Australian, explicando a situação: “As autoridades dizem que como não permitiremos que ela mude de sexo, então é perigoso para ela voltar para nossa casa porque iremos abusar dela mentalmente. Eles querem que nós consintamos com o tratamento com testosterona”. Eles acrescentaram que se sentiram tristes devido à perda da filha e ofereceram resistência “à intimidação das autoridades”. A família migrou para o país há 10 anos e agora os pais, devido a essa situação, estão indo a julgamento.
Por sua vez, a mãe informou acerca da perplexidade dos amigos e dos familiares quando souberam de toda a história. “Especialmente os australianos, eles simplesmente não conseguem acreditar que isso acontece na Austrália”, disse ela. De acordo com o jornal, ambos sabiam que a menina precisava de ajuda, pois manifestava sintomas de depressão, mas queriam convocar um psicólogo independente para levantar os problemas de ordem psíquica que a atormentavam e não apenas questões de gênero, além de procurar opções de tratamento não invasivo. De acordo com o relato da mãe, aos 13 anos de idade a filha perdeu alguns amigos e não demonstrava mais habilidades sociais, manifestando ansiedade em relação à alimentação e à imagem corporal, incluindo um início difícil na puberdade.
O reitor da Escola de Direito da Universidade de Queensland, Patrick Parkinson, pronunciou-se como especialista em Direito da Família e crítico do tratamento médico de “afirmação de gênero” para jovens com diagnóstico de “disforia de gênero” angustiante, e disse que a remoção da criança foi o primeiro caso desse tipo no país e é “um desenvolvimento muito preocupante”. As autoridades de proteção à criança não ofereceram apoio ao tratamento hormonal e concordaram com a solicitação dos pais de uma segunda opinião antes da decisão.
Na ação para apelação da decisão do magistrado, os advogados dos pais apontaram que o magistrado errou ao insistir que não havia conexão entre o processo de proteção e as causas da disforia de gênero ou opções de tratamento. O juiz considerou que a adolescente havia sofrido agressão verbal “diretamente relacionada aos seus sentimentos e à expressão da identidade de gênero”. Os pais negam qualquer tipo de abuso. “Diferentes médicos podem chegar a diferentes diagnósticos e diferentes tratamentos, então é totalmente apropriado que os pais busquem uma segunda opinião antes de seguir com um tratamento irreversível”, frisou o advogado do casal.
Invasão do Capitólio é usada como desculpa para censura a conservadores nas redes sociais
Nos Estados Unidos, as acusações de fraude nas eleições presidenciais norte-americanas, que, segundo pesquisa do instituto Ramunsen nos EUA divulgada no final de novembro passado, levou 47% da população a considerar o resultado do pleito fraudulento, não tiveram o seu mérito julgado, revoltando os apoiadores do então presidente Donald Trump. Até o início de janeiro, todas as ações que os tribunais regionais receberam ou que chegaram à Suprema Corte norte-americana (inclusive uma proposta pela Procuradoria Geral do estado do Texas e que contou com o apoio da Procuradoria Geral de outros 17 estados do país) foram rejeitados por “erros processuais”, de maneira que o mérito da questão, isto é, se houve fraude mesmo ou não, nunca foi apreciado. Logo, no dia 6 de janeiro, dia em que os votos dos colégios eleitorais seriam contados no Congresso dos EUA, em sessão presidida pelo vice-presidente dos EUA, uma multidão de cerca de 500 mil pessoas lotou Washington DC, capital do país, cercando o Capitólio para pedir aos parlamentares que interrompessem a contagem e instalassem uma comissão para investigar as denúncias de fraude, o que era legalmente possível acontecer, mas não ocorreu, porque o vice-presidente Mike Pence, mesmo diante de objeções levantadas por parlamentares republicanos apoiadores de Trump, acabou, diante da pressão dos parlamentares democratas, jogando a decisão para criar a comissão para o próprio Congresso, que em sua maioria negou a proposta.
Com a notícia, a multidão do lado de fora se revoltou, de maneira que o então presidente Donald Trump publicou em seguida, em seu canal no Twitter, que contava com 89 milhões de seguidores, um vídeo conclamando a multidão a se dispersar e cada um voltar para sua casa. Porém, estranhamente o Twitter bloqueou o vídeo de Trump e o deixou ainda horas sem poder postar nada. O mesmo fizeram Facebook e Youtube. Com a revolta crescendo, um grupo de dezenas de pessoas na multidão em frente ao Capitólio invadiu o prédio, sendo seguidos depois por pelo menos mais uma centena de manifestantes.
Como vídeos nas redes sociais postados por manifestantes presentes ao protesto revelam, a maioria da multidão do lado de fora protestou contra a invasão do Capitólio, com alguns até tentando impedir fisicamente a entrada de outras pessoas. Porém, uma vez a invasão concretizada, algumas dezenas dos que entraram promovendo quebra-quebra. E lá dentro, em uma ação que demonstra total despreparo dos agentes policiais para aquela situação, um dos seguranças do Congresso atirou à queima-roupa na nuca de uma manifestante totalmente desarmada apoiadora de Trump, chamada Ashli Babbitt, uma veterana da Força Aérea norte-americana americana, que tinha servido a seu país por 14 anos.
Logo, grande parte da imprensa norte-americana (que em sua maioria é opositora de Trump) e políticos do Partido Democrata, juntamente com um grupo minoritário de republicanos opositores a Trump, começaram a acusar Donald Trump pelo que ocorreu e a usar essa narrativa como justificativa para promover a censura não só a ele, que teve suas contas no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube – em um ato absurdo de censura – imediatamente banidas para sempre, como a promover a censura a seus apoiadores nas redes sociais. Não por acaso, prevendo o que iria acontecer, o jornalista Tucker Carlson, da Fox News, que ancora o programa de maior audiência daquele canal (que, por sua vez, já é há alguns anos o canal de notícias da tevê à cabo no país com maior audiência), fez à noite, no mesmo dia da invasão do Capitólio, um programa especial prevendo que a invasão daquele dia e o banimento absurdo de Trump das redes sociais sinalizava que começaria uma onda de censura aos conservadores nos EUA e no mundo, tentando associar o pensamento conservador ao radicalismo, à violência e ao extremismo, o que é uma inverdade. O mais irônico de tudo é que essa mesma imprensa e esses mesmos políticos, meses atrás, batiam palmas para movimentos como o Black Lives Matter e os Antifas, que promoveram violência e destruição em várias cidades dos Estados Unidos.
Pode-se não gostar do estilo ou de alguma medida governamental de Trump, além do que se deve obviamente condenar a invasão do Capitólio, mas daí a usar isso como justificativa para promover perseguição aos conservadores é um absurdo. Entretanto, foi exatamente o que aconteceu. Poucos dias depois, Twitter, WhatsApp e Facebook começaram a censurar conservadores nas redes sociais nos EUA. Em reação, houve uma migração de milhões de usuários dessas redes sociais para o Telegram e o Signal (concorrentes do WhatsApp) – só para o Telegram, foram mais de 25 milhões em apenas três dias – e para o Parler (concorrente do Twitter). Em contra-ataque, a Apple ameaçou tirar o Parler da sua loja de aplicativos, mesmo sendo o Parler o aplicativo de rede social mais baixado no mundo pela Apple Store. Porém, a Amazon, em cujos servidores o Parler estava sendo hospedado, foi mais além: simplesmente deixou de prestar serviços ao Parler, fazendo esta rede social, com milhões de usuários no mundo, sair do ar.
Isso fez com que os conservadores nos EUA migrassem então para o Gab, outro concorrente do Twitter, que em apenas três dias conseguiu mais de milhões de novos usuários, mais do que havia conseguido em todo o mundo nos dois primeiros anos de sua criação (o Gab tem apenas 5 anos de existência). Como resultado disso, na segunda-feira, 11 de janeiro, as ações do Twitter caíram 12%, dando um prejuízo à empresa de 5 bilhões de dólares.
Um detalhe importante é que o pessoal das “Big Techs” (grandes empresas de tecnologia nos EUA que lideram as principais redes sociais) foram os principais financiadores da campanha presidencial de Joe Biden (95% das doações das empresas do “Vale do Silício”, dentre elas Facebook, Google, Amazon, Apple e Twitter) e eles têm agora gente deles na equipe de governo do político do Partido Democrata. Ou seja, agora eles são governo. Agora, eles se tornaram “players” políticos e isso deverá fazer com que suas intervenções nas redes sociais sobre os usuários sejam cada vez mais motivadas política e ideologicamente. E eles defendem abertamente uma agenda socialmente liberal.
Não sabemos o que ocorrerá nos próximos meses, mas ao que tudo indica, neste e nos próximos anos, a censura a pessoas identificadas como “conservadoras” no mundo pode aumentar. E ainda temos neste ano o chamado projeto de “Great Reset (“Grande Reinício)” do mundo, que tem o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e será apresentado na reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos. Um dos itens da proposta – chamada também de “Agenda 2030” (pois a ideia é implementar todas essas mudanças no mundo até 2030) – diz: “Você não será mais proprietário de nada, e será feliz”. Isso significa que a alimentação, o transporte, a comunicação, a moradia, nossas transações financeiras, nossas compras e vendas, tudo isso ficará sob a administração de grandes corporações que poderão, em uma situação considerada limite, suspender o abastecimento e a prestação de serviços a pessoas e nações que, segundo o entendimento deles, violarem “as regras da comunidade global”. Em suma, o caminho para o surgimento de um governo global está sendo pavimentado aos poucos. Final dos tempos.
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