Ela estava na região afetada pelo tufão Haiyan, nas Filipinas, mas Deus a livrou
A irmã Lídia Caetano de Souza estava nas Filipinas no dia 8 de novembro de 2013, quando o Tufão Haiyan varreu a região central do arquipélago, ceifando a vida de 5.719 pessoas e deixando mais de 26 mil feridos e 1.779 ainda desaparecidos. Segundo o Centro Nacional de Gestão e Redução de Riscos de Desastres nas Filipinas, o tufão afetou 10 milhões de pessoas. Dos mais de 3 milhões de pessoas deslocadas após a tragédia, até o fechamento desta edição 9.6474 ainda se encontravam em abrigos, sobretudo nas ilhas de Leyte e Samar.
Irmã Lídia, 63 anos, solteira, está nas Filipinas já há 14 anos como missionária. No dia da tragédia, ela estava exatamente na cidade de Tacoblan, na região afetada pelo furacão, mas foi salva por Deus ao abrigar-se dentro de um duto de ar-condicionado. A casa onde ela estava foi inundada e desabou parcialmente com a força da tempestade. Toda a parte térrea da construção foi inundada pela chuva. O nível da água alcançou sete metros, levando ao desabamento de algumas paredes. Irmã Lídia perdeu tudo o que tinha, exceto a vida e os documentos.
"Quando a água começou a subir, escapamos pelo buraco do ar-condicionado. Amarramos cortinas e lençóis para improvisar uma corda e com ela atravessamos a correnteza do quintal até a construção vizinha que era de dois andares. Conseguimos ajudar quatro pessoas a atravessar, mas uma delas se afogou e acabou morrendo. Ficamos abrigados lá no alto até a água baixar", contou Lídia em entrevista à BBC Brasil uma semana após a tragédia.
Irmã Lídia é membro da Assembleia de Deus em Benfica Rio de Janeiro (RJ), liderada pelo pastor Temóteo Ramos de Oliveira, líder da Convenção Fraternal das Assembleias de Deus no Estado do Rio de Janeiro (Confraderj). Nesta entrevista, ocorrida menos de um mês após a tragédia, quanto ela já estava de volta ao Brasil, a missionária falou sobre sua chamada para missões transculturais, da atual situação da igreja evangélica nas Filipinas e da destruição que presenciou.
Como foi a chamada da senhora para fazer missões nas Filipinas?
Fui chamada para missões diretamente através do Espírito Santo de Deus, que falou ao meu coração sobre os povos malaios.
A senhora tem 20 anos como missionária, dos quais 14 anos nas Filipinas. Esse país, portanto, não é o primeiro onde a senhora fez missões?
Não, as Filipinas são o meu terceiro campo missionário. Antes de lá, trabalhei com missões na América Latina: no Uruguai e no Peru.
Como é a igreja evangélica nas Filipinas?
Eu diria que é a mesma coisa de todas as demais igrejas evangélicas. O que muda apenas é a cultura, mas o propósito de existir como igreja é o mesmo daqui, da igreja do Brasil.
Quais as dificuldades que os missionários tem enfrentado de pregar o Evangelho neste país?
Na região onde estamos trabalhando, não temos dificuldades para pregar o Evangelho. Só não temos liberdade de pregar o Evangelho naquelas ilhas do arquipélago onde há uma forte presença de muçulmanos.
Qual a principal estratégia que a senhora tem encontrado para evangelizar os filipinos?
A melhor estratégia tem sido fazer amizade com o povo.
Que conquistas a senhora tem tido no campo missionário nas Filipinas?
São as almas que se rendem ao Salvador Jesus, são as pessoas transformadas pelo poder de Deus. Elas são as nossas conquistas.
A senhora estava exatamente na região onde o Tufão Haiyan passou, trazendo destruição. Qual a situação do país e da igreja depois da tragédia? E como a senhora escapou da morte?
Foi uma destruição total. Não posso responder sobre a situação dos outros feridos porque não vi ninguém ferido. Só vi pessoas mortas. Também não sei como está a igreja depois da tragédia, pois desde aquele momento estamos sem comunicação. Já há uma semana que estou aqui, no Brasil, e não tenho tido notícias de lá.
A senhora já disse que, depois dessa tragédia, espera ainda voltar para as Filipinas. O que espera encontrar?
Espero encontrar a cidade sendo reconstruída e rever meus irmãos filipinos que sobreviveram. No mês de outubro, eu e outra missionária filipina estávamos orando e fazendo jejum para Deus revelar onde deveríamos fazer a obra, e Deus nos deu uma mensagem em Salmos 139.5, que diz: "Tu me cercaste em volta e puseste sobre mim a tua mão". Por isso não me desesperei tanto quando ocorreu a tragédia, porque sabia que estava blindada sob a proteção divina. A ordem de Deus para mim era para avançar para outro campo, por isso cri que não morreria nas Filipinas. Sabia que o Senhor enviaria socorro. Esperei a água abaixar e quando isso aconteceu, fui caminhando até o aeroporto e a marinha americana foi usada por Deus para completar o resgate.
A senhora acredita que essa tragédia abaterá os crentes filipinos ou os tornará ainda mais fervorosos na sua fé?
Como acontece com os seres humanos quando enfrentam tragédias, talvez muitos deles se voltem mais para Deus.
Que tipo de ajuda a igreja nas Filipinas precisa?
Precisamos que sejam enviados missionárias para as partes mais remotas do país, onde ainda não há igrejas.
Se este artigo foi útil para você compartilhe com seus amigos.
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante