O texto de 1 Samuel 15.7,8,20 diz que Saul destruiu completamente os amalequitas, mas em 1 Samuel 27.8,9 é dito que Davi os destruiu. Já em 1 Crônicas 4.42,43 lemos que os amalequitas foram mortos. Como entender essa questão?
Em primeiro lugar, devemos observar que dificilmente um povo ou nação é destruído totalmente por pelejas com povos adversários. Sempre resta alguém ou alguns daquele povo que recomeçam tudo outra vez. É muito mais fácil um povo desaparecer totalmente quando perde sua identidade cultural, miscigenando-se com outros povos.
Em segundo lugar, nenhuma versão bíblica diz que Saul destruiu
completamente a raça dos amalequitas, mas, sim, aqueles que estavam naquele espaço
onde ocorreu a guerra: “Então, feriu Saul os amalequitas desde Havilá até
chegar a Sur, que está defronte dos egípcios” (1 Samuel 15.6,7). Esse fato
ocorreu em 1079 a.C. Ao chegar em 1 Samuel 15.20, como explicamos acima, Saul
afirma que destruiu os amalequitas totalmente, mas não extinguiu a raça, apenas
os que estavam ao seu alcance, pois muitos podem ter fugido antes de sua
chegada com seu exército, outros inevitavelmente escaparam em meio à peleja, e outros
ainda certamente estavam residindo em outros sítios, visto que eram nômades.
Maior evidência dessa posição é que, 21 anos depois, em 1058 a.C., eles foram
reorganizados e passaram a morar na mesma terra onde viviam seus antepassados, anteriormente
assassinados por Saul. Davi, à semelhança de seu antecessor, não extermina a
raça inteira dos amalequitas, mas apenas aqueles que ele encontrou em suas
jornadas de guerra (1 Samuel 27.8,9).
Em terceiro lugar, necessário se faz lembrar que, cerca de 342
anos depois, em 1 Crônicas 4.41-43, está escrito que, nos dias de Ezequias,
quinhentos dos descendentes de Simeão tiveram outra peleja com os amalequitas
que escaparam e os feriram. Mas, mesmo assim, não se sabe se foram todos da
raça amalequita, e veremos adiante o porquê.
Em quarto lugar, vale salientar que as Escrituras usam em abundância
figuras de linguagem, entre elas a chamada hipérbole. Observe que Atos 2.2-11
diz que em Jerusalém habitavam judeus varões religiosos de todas as nações que
estão debaixo do sol; e quando a lista é enumerada, só aparecem dezesseis
nações. Em Atos 13.44, diz-se que quase toda a cidade de Antióquia da Pisídia se
ajuntou para ouvir a Palavra de Deus na sinagoga local. Que edifício sinagogal
poderia comportar uma população de quase 50 mil pessoas? Isto, evidentemente, é
uma ênfase hiperbólica para destacar o número de interessados no Evangelho.
Em quinto lugar, no livro de Ester 3.1, 548 anos depois de Davi,
surgiu, em pleno tempo do reino da Pérsia, um sujeito mau, chamado Hamã, descendente
de Agague, com um ódio cruel contra os judeus, cumprindo assim a profecia de
Êxodo 17.16. Vale salientar que o nome Agague é tido por proeminentes estudiosos
como um título dado à governança amalequita, tal como Herodes, César e Faraó, e
não um nome próprio. Com muita probabilidade, este indivíduo era um amalequita
da linhagem do Agague de 1 Samuel 15.9. Afinal, em Êxodo 17.16 é dito que
haveria guerra do Senhor contra Amaleque de geração em geração, e em Êxodo
17.14 está escrito que será o próprio Senhor quem riscará a memória de Amaleque
de debaixo do céu. Isso, conforme Números 24.7, será feito pelo Rei Messiânico,
nosso Senhor Jesus Cristo, que é mais exaltado do que Agague, conforme a
profecia de Balaão.
Conclusão: Na tipologia bíblica, o povo amalequita é uma figura
da natureza carnal do cristão, da qual só nos veremos livres na Parousia,
quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal
se revestir da imortalidade (1 Coríntios 15.53). Maranata!!
por José Orisvaldo N. de Lima
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