Apoio dos evangélicos e latinos foi decisivo para a eleição do republicano, cujo partido também levou o Senado, a Câmara e maioria dos governos
Na madrugada de 6 de novembro, após duas tentativas de assassinato neste ano e apesar dos ataques constantes da mídia liberal, o empresário e político republicano Donald John Trump, 78 anos, fez história. Em uma demonstração de grande resiliência, ele foi eleito pela segunda vez presidente dos Estados Unidos da América, e ganhando não apenas no número de delegados do colégio eleitoral (312 dos 525), mas também no voto popular (51% a 47%), com 4 milhões de votos à frente de sua concorrente, a democrata e vice-presidente Kamala Harris (75 milhões contra 71 milhões). E a vitória foi ainda mais acachapante.
No mesmo dia, houve eleição para o Senado, a Câmara dos Representantes
e o governo de onze estados, com os republicanos retomando a maioria no Senado
e mantendo a maioria na Câmara, e vencendo para o executivo em oito estados,
passando a liderar 27 dos 50 estados do país. E a Suprema Corte ainda tem seis juízes
conservadores contra três progressistas. Poucos presidentes na história dos EUA
conseguiram uma vitória tão significativa em várias frentes em um único pleito.
Isso dará um grande poder político ao líder da maior nação do mundo, que tomará
posse em janeiro.
“Deus poupou minha vida por um motivo”
Em seu discurso de vitória, realizado na madrugada do dia 6 de
novembro, o presidente Trump lembrou a tentativa de assassinato contra ele no
início deste ano, que resultou em uma bala raspando sua orelha e um de seus
apoiadores perdendo a vida, e declarou à audiência: “Muitas pessoas me disseram
que Deus poupou minha vida por um motivo”, identificando em seguida esse motivo
como sendo “salvar nosso país e restaurar a grandeza da América”. E
acrescentou: “Vamos cumprir essa missão juntos. Vamos cumprir essa missão. A
tarefa diante de nós não será fácil, mas trarei cada grama de energia, espírito
e luta que tenho em minha alma para o trabalho que vocês me confiaram”.
Trump descreveu sua campanha presidencial como um dos maiores
movimentos políticos “de todos os tempos” e previu que o movimento “alcançaria
um novo nível de importância porque ajudaremos nosso país a se curar”. Trump
concluiu seu discurso de vitória “pedindo a todos os cidadãos de toda a nossa
terra que se juntem a mim neste esforço nobre e justo”, e enfatizando seu desejo
de “deixar as divisões dos últimos quatro anos para trás” e “nos unir”. Segundo
ele, “o sucesso nos unirá” e “o futuro da América será maior, melhor, mais ousado,
mais rico, mais seguro e mais forte do que nunca”.
A vitória de Trump confirma a reação da direita no Ocidente
à onda progressista que tomou conta do mundo ocidental no início deste século.
Recentemente, as eleições legislativas na Europa mostraram uma guinada da
população europeia à direita, a qual se deu, segundo pesquisas, não apenas pela
preocupação dos cidadãos com os problemas econômicos, mas também em reação à
imposição da ideologia de gênero nas escolas e ao relaxamento no processo imigratório
perpetrado pelos governantes europeus progressistas nos últimos anos,
resultando na entrada de um número enorme de islâmicos radicais no continente
europeu, o que aumentou o número de crimes em geral e os ataques antissemitas
na Europa. Na América Latina, houve a eleição do liberal-conservador Javier
Milei na Argentina.
A pergunta que se faz agora é: quais os efeitos que esta
nova eleição de Donald Trump poderá trazer ao mundo nos próximos quatro anos,
se Jesus não retornar antes? Em parte, é um exercício de futurologia, ou seja,
só Deus sabe como realmente será. Entretanto, algumas pressuposições parecem ser
possíveis. Antes, porém, de frisar elas, é preciso destacar a importância de
alguns grupos nos EUA para a vitória de Trump no histórico pleito de novembro.
Apoio evangélico e latino foram decisivos
Pesquisas de boca de urna no dia do pleito e publicadas no
dia seguinte no site da BBC internacional revelaram que 54% dos homens e 44%
das mulheres que foram às urnas votaram em Trump, bem como 45% de todos os eleitores
latinos, um número muito significativo, já que este grupo, no passado recente,
votava em sua maioria nos democratas. Ao todo, 86% dos negros votaram em Kamala
e 12%, em Trump; 55% dos brancos votaram em Trump contra 43% que votaram em
Kamala; dos asiáticos, 56% votaram em Kamala e 38% em Trump; e das demais
etnias, 53% votaram em Trump contra 43% que votaram em Kamala. Pela idade, de
18 a 44 anos, Kamala teve a maioria dos votos (53% contra 44%) enquanto Trump
teve a maioria dos votos entre os de 45 anos para cima (51% contra 47,5%).
Em relação ao apoio evangélico, uma pesquisa do Pew Research
Center, realizada pouco mais de um mês antes da eleição, revelou que 61% dos
evangélicos nos EUA afirmavam que votariam em Trump contra 37% que votariam em Kamala
Harris; entre os católicos, 52% votariam em Trump contra 47% que votariam em
Kamala; e entre os ateus e agnósticos, 68% votariam em Kamala enquanto 28%
votariam em Donald Trump. Lembrando que evangélicos e católicos representam 60%
da população norte-americana (40% e 20% respectivamente).
Um detalhe nesta eleição é que os Amish, um antigo grupo
religioso, não votam – aliás, nunca votaram. Entretanto, na eleição deste ano,
alguns grupos dentre eles resolveram abrir um precedente, com milhares se
registrando para votar – e em Trump. Segundo matéria do site político Townhall publicada
quatro dias antes da eleição, o que os motivou a tal foi o medo de os
democratas tirarem alguns de seus direitos relativos à liberdade religiosa,
aparentemente devido ao avanço do movimento Woke (em português, “Despertados”,
nome que designa um grupo que defende várias pautas progressistas, como, por
exemplo, ideologia de gênero). Os Amish se concentram nos EUA principalmente em
estados pêndulos, como Pensilvânia e Wisconsin, onde Trump acabou vencendo.
Diante desses dados, percebe-se que o voto dos evangélicos e
dos latinos foram os que, sem dúvida alguma, mais pesaram na eleição do candidato
republicano. Um ponto negativo, porém, é que a presença evangélica nas urnas no
dia 5 de novembro não foi suficiente para derrubar algumas propostas de leis
votadas nesse dia. O aborto estava na cédula em 10 estados, e a maioria dos
eleitores votou, infelizmente, na posição pró-escolha em nove desses 10
estados. Essa foi a única grande vitória para os democratas no pleito e uma
perda enorme para aquele país e a vida dos nascituros.
Após a confirmação da vitória de Trump, vários líderes
evangélicos se manifestaram parabenizando o 45º e agora também 47º presidente dos
EUA, dentre eles o evangelista Franklin Graham. “Parabéns a Donald Trump por
ter sido eleito o 47º presidente dos Estados Unidos da América! Oro para que
você busque a Deus todos os dias em busca de orientação e sabedoria”, declarou
Graham.
Jim Daly, presidente da organização Focus on the Family,
fundada pelo pastor e ativista cristão James Dobson, a quem Daly sucedeu em 2005,
foi citado pelo jornal The Washington Times falando sobre a vitória de Trump e
dizendo que sua organização sente-se “encorajada pelos resultados das eleições
de terça-feira [5 de novembro], um triunfo eleitoral decisivo e de voto popular
para o presidente eleito Trump”. Segundo Daly, “o resultado confirma que as
famílias americanas estão ansiosas para viver em uma nação onde possam criar
seus filhos em um ambiente fisicamente seguro e economicamente viável, e onde
mães, pais e filhos possam adorar a Deus sem pedir desculpas”.
Por sua vez, o ex-arcebispo católico romano Carlo Maria
Vigano disse na rede social X: “Expresso meus mais calorosos parabéns ao
presidente Trump, enquanto agradeço a Nosso Senhor por ter impedido que os
Estados Unidos e o mundo ocidental caíssem definitivamente nos tentáculos do
estado profundo e da tirania globalista. Peço aos católicos americanos e a
todos os cristãos que orem pelo presidente Trump, para que o Senhor o proteja
nesta fase de transição para a posse na Casa Branca, guiando-o na inevitável erradicação
do lobby de pessoas corruptas e pervertidas, subservientes ao estado profundo”.
O que esperar deste segundo governo Trump
Apesar de não podermos ter certeza absoluta de como será o novo
governo Trump, alguns indicativos são claros. Por exemplo, na campanha deste
ano, um dos focos do líder republicano foi o problema das fronteiras. Espera-se
que Trump tome medidas nessa área para conter a enxurrada de imigrantes ilegais
entrando no país, que bateu todos os recordes durante o governo Joe Biden. Outros
pontos a receberem bastante atenção em seu governo serão a economia e o combate
à ideologia de gênero.
Olhando para fora do país, Trump assume a presidência dos EUA
em um momento de grande tensão no mundo. Se durante os quatro primeiros anos de
mandato do republicano à frente da Casa Branca foram assinados os Acordos de
Abraão e nenhum grande conflito teve início no mundo, durante o mandato de Joe
Biden ocorreu a tragédia da saída desastrada do exército norte-americano do
Afeganistão, com a ascensão do Talibã ao poder novamente, inclusive ganhando de
“presente” armamentos pesados abandonados pelos militares dos EUA na saída do
país; a Rússia invadiu a Ucrânia, iniciando uma guerra que já dura mais de dois
anos e deixou em tensão toda a Europa; a China voltou a ameaçar Taiwan; a
Venezuela ameaça invadir a Guiana; e ocorreu o maior ataque a Israel desde a
Guerra do Yom Kippur, que resultou na morte de mais de 1,2 mil judeus em um
único dia, a maior matança de judeus em 24 horas desde a Segunda Guerra
Mundial, o que deu início a um conflito que se arrasta a mais de um ano e que já
escalou, com um confronto direto entre Israel e Irã.
Um ponto ainda a se ressaltar é a campanha pelas liberdades
no Ocidente encampada por Trump e o bilionário da área de tecnologia Elon Musk,
que apoiou o candidato republicano na sua campanha à presidência e já recebeu um
convite para trabalhar em seu governo. Essa campanha envolve não apenas os
Estados Unidos, mas outros países, inclusive com medidas que podem alcançar até
mesmo o Brasil, onde há vários casos de censura que já chamaram a atenção de
autoridades no exterior, especialmente após a divulgação de Musk.
Em suma, muitas são as possibilidades e os desafios. Oremos,
portanto, pelo novo líder dos EUA e pelas autoridades políticas do mundo, para
que possam chegar a um bom termo diante de tantas demandas urgentes que
precisam de uma ação eficaz. Como orienta a Palavra de Deus, “que se façam deprecações,
orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e
por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada,
em toda a piedade e honestidade; porque isto é bom e agradável diante de Deus
nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao
conhecimento da verdade” (1 Timóteo 2.1-4).
Lembrando que, acima de tudo, nossas esperanças não estão em
homens, mas em Deus, que governa a história.
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