O apóstolo João registrou no capÃtulo de seu Evangelho o encontro de Jesus com a mulher samaritana. Enquanto os discÃpulos deixam o cansado Mestre à beira do poço e vão comprar alimentos, Ele permanece no local e, na hora sexta (contagem romana que de acordo com o atual horário ocidental calcula-se ser o meio-dia), aproxima-se daquele poço uma mulher para tirar água. Ela reconheceu que o homem sentado à beira do poço era um judeu, de modo que passa a ignorá-lo solenemente. Porém, o silêncio é quebrado de forma abrupta, mas cheio de ternura: “Dá-me de beber” (João 4.7b), solicita o viajante. Diante do pedido, a mulher samaritana, admirada por tal atitude, passa a interrogá-lo: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?” (João 4.9b). É interessante fazermos alguns apontamentos sobre o comportamento desta mulher.
Primeiro, era uma mulher que mantinha-se isolada do convÃvio
social, pois o horário por ela escolhido para a tarefa de tirar água do poço
era impróprio. Talvez agisse assim por sua vida de má reputação (João 4.18).
Segundo, como samaritana, ela tinha ciência da severa ruptura entre o povo
judeu e seus compatriotas. Eis a razão de sua admiração ao ouvir o pedido de
Jesus (João 4.9). Terceiro, a sua consciência pecadora a impedia de dirigir
qualquer palavra para um rabino ou lÃder religioso.
A atitude de Jesus nos faz entender os caminhos traçados
pela graça. O encontro com aquela mulher não era algo casual. O deslocamento dos
discÃpulos para comprar mantimentos, o horário da sua chegada ao poço... Tudo
foi parte do plano divino para resgatar não apenas a mulher, mas a multidão de
samaritanos (João 4.39-42). “Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos
de Deus, a saber, aos que creem no seu nome” (João 1.11,12).
O Filho de Deus solicita um pouco de água oferecendo a
abundante fonte de água viva (João 4.9). Tudo o que Jesus pede de nós não é
nada comparado ao que Ele tem para nos oferecer. A mulher revela, por meio de
seu diálogo, a sua incapacidade de entender as verdades espirituais ditas por
Jesus. A mulher se centraliza nas suas necessidades fÃsicas. A atitude da
personagem nos faz pensar nas milhares de pessoas que até hoje ignoram suas necessidades
espirituais e priorizam as seculares. Muitos almejam as bênçãos e desprezam o
Deus que concede as bênçãos. Essas pessoas ignoram o dom de Deus, como o impenitente
ladrão da cruz que estava ao lado de Jesus, que recorreu a Cristo apenas por um
escape momentâneo (“Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós”, Lucas 23.39).
Ignoram as riquezas da salvação. Jesus está sempre disposto a oferecer o
ParaÃso para todo aquele que reconhecer a necessidade da sua alma (Lucas 23.43).
Desejar ter a Cristo é ter acesso a toda sorte de bençãos espirituais (Efésios 1.3).
NEle encontramos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Colossenses 2.3).
Jesus Cristo é o único meio pelo qual alcançamos
alÃvio e descanso para nossas almas. Caminhar com Ele, ao lado dEle, é estar
disposto a aprender verdades sublimes e restauradoras (Mateus 11.28-30).
Nada é mais pesaroso para o homem que seu esforço de tentar salvar-se
a si mesmo! Ao ouvir em seguida as declarações de Cristo de forma tão
particular sobre sua vida pecaminosa (João 4.17,18), aquela mulher entendeu que
estava diante de alguém divino e não um homem comum. É importante notar que ela
seguia de alguma forma suas crenças religiosas (João 4.19-25), porém não era o suficiente para saciar a sede de sua alma e purificá-la
de toda imundÃcie do pecado. A necessidade manifestada pela mulher revela que nenhuma
religião tem a semelhança do poder do Evangelho (Romanos 1.16).
A mulher samaritana tinha uma perspectiva sobre a vinda do
Messias; apesar disso, foi necessário Jesus se revelar para ela (João 4.26). A
partir daÃ, a mulher corre em direção à cidade e brada aos ouvidos do povo, levando
uma multidão com a alma sedenta a se aproximar da fonte da água da vida (João 4.29,30).
Cristo se prepara para uma grande colheita de almas, muitos samaritanos passam
a acreditar em Jesus, a mulher é restaurada e sua restauração faz com que perca
o medo do convÃvio social (João 4.28-30), uma vez que não está mais debaixo de condenação (Romanos 8.1). Contra ela já não havia nenhum veredito de culpa; o castigo que ela merecia
Jesus tomou sobre si, oferecendo a paz (IsaÃas 53.5).
A alma restaurada recebe vida abundante. Cristo resgatou
aquela mulher da mendicância espiritual. Salvar o perdido é o maior propósito de
Cristo! Jesus possui água viva que sacia a sede do pecador. A mulher samaritana
foi resgatada por Cristo, como um pai que recebe um pródigo e como um pastor
que encontra a ovelha perdida (Lucas 15.3-5,11-24). Os discÃpulos de Jesus
foram convidados a erguerem os olhos e assistirem o grande espetáculo da
salvação (João 4.35). Foi uma grande colheita de almas. Jesus deseja resgatar a
alma do homem! O convite da salvação é estendido em toda a BÃblia, cujo último
livro conclui com o convite à fonte da água da vida. O EspÃrito e a noiva unem
a voz proclamando: “Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água
da vida” (Apocalipse 22.17b).
por Antônio Adson Rodrigues
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