O futuro glorioso de Jerusalém: sede do Reino restabelecido

O futuro glorioso de Jerusalém: sede do Reino restabelecido

Somente a pregação do Evangelho do Reino prepara-nos para os acontecimentos futuros acerca da cidade santa. Se alguém ponderar sobre se é possível pregar outro evangelho, podemos asseverar que, muitas vezes, aquilo que vem sendo denominado pregação evangelística distancia-se fundamentalmente da verdadeira mensagem cristã. O apóstolo Paulo, mantendo a fidelidade de sua proclamação, “declarava com bom testemunho o Reino de Deus, e procurava persuadi-los [a todos quantos quisessem ouvir] à fé em Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas, desde pela manhã e até a tarde...”; “Paulo ficou dois anos inteiros na sua própria habitação que alugara, e recebia a todos quantos vinham vê-lo, pregando o Reino de Deus, e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum”(Atos 28.23, 30 e 31). O servo de Deus nada mais fez do que imitar o Mestre no conteúdo de Suas poderosas mensagens, pois Jesus “começou a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus... e percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o Evangelho do Reino" (Mateus 4.17 e 23).

A necessidade da pregação deve-se à rebeldia do homem diante da autoridade de Deus. Resumidamente, o pecado original revela a intenção do homem de ser igual ao seu Criador (Gênesis 3.5), colocando-se como senhor de sua própria vida. Trata-se da extensão da tentativa de golpe de estado (mudança da autoridade e do governo legítimo) perpetrada por Lúcifer – derrubar o Senhor do trono para nele assentar-se.  Adão e Eva, seduzidos pela proposta do golpe, movidos pela própria concupiscência e soberba, aderem à rebelião. A salvação do homem, desde então, consiste em voltar a colocar o único Deus como autoridade suprema sobre sua vida, reconhecendo a rebeldia (golpe de estado) e desejando o retorno do Senhor ao trono de seu coração, através do método estabelecido pelo próprio Deus e não através de esforços pessoais, a saber, sujeitando-se à aceitação do sacrifício de Jesus Cristo como único meio providenciado para a aproximação com o Pai, reconhecendo que Ele é o Senhor, que Ele é Rei e é digno de estar estabelecido definitivamente como soberano sobre as almas que Ele mesmo criou.

Diferentemente do que muitos pensaram nos dias do ministério de Jesus na Terra, o Reino que anunciamos não é um território físico ou geográfico, não é político ou econômico, mas é o estabelecimento da autoridade de Deus, conforme clamamos na oração ensinada pelo Mestre: “Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o Teu nome, venha o Teu Reino, seja feita a Tua vontade, assim na Terra como nos céus”. A prece anseia a reversão dos esforços relativos ao golpe de estado, mas trata a reconciliação de uma forma que seria impensável aos homens, a saber, ainda que o Senhor reine desde os céus, Seu Reino avança cada vez que um coração O convida a ocupar Seu legítimo lugar.
Em algum triste momento da história do evangelho, no entanto, alguns pregadores passaram a anunciar a mensagem da salvação sem senhorio. Hoje, não é incomum encontrar pessoas que sinceramente creem que podem aceitar a mensagem da salvação, sendo imediatamente salvos e, posteriormente, desenvolverem o entendimento do senhorio, numa rendição gradual, que se desenvolveria paralelamente ao processo de santificação. Nada mais falso. Não há salvação sem senhorio. Que o diga o jovem rico, desafiado a remover de sua vida aquilo que ocupava o lugar prioritário nela e, somente depois, seguir a Jesus! A primeira rendição, como já descrita, está em aceitar a própria rebeldia, arrepender-se e abraçar o método divino, o caminho excelente, ou seja, Jesus Cristo, Seu sangue, Sua obra e Seu amor.

O Evangelho do Reino continua proclamando que, se uma vida estiver sob o senhorio de qualquer coisa ou pessoa que não seja Cristo, tal vida ainda não foi salva. Tudo o que ocupe o lugar de Jesus, desalojando-O de Seu lugar, seja o dinheiro, a família, os prazeres, os poderes, revela a perpetuação do golpe de estado e denuncia que o homem não faz parte do Reino dos Céus. Ouçamos o que nos diz o Senhor: “Nem todo o que me diz: Senhor! Senhor! Entrará no Reino dos Céus: mas aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus” (Mateus 7.21). Nessa condição, distante da soberania de Deus, onde está o homem? Segundo Colossenses, “Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor” (1.13), ou seja, quem não serve a Deus está debaixo dos poderes tenebrosos do mal “entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como os outros também” (Efésios 2.3).

É maravilhoso saber que Deus nos aceita em Seu Reino através do sangue de Jesus Cristo. Então, acontece em nós a verdadeira mudança, que nada tem a ver com aspectos formais, mas em que todo o nosso ser está rendido à Sua vontade. Assim como ocorre nos indivíduos, numa Igreja cristocêntrica, Cristo é o cabeça, Ele governa. O culto não existe para recarregar as energias dos fiéis, para socializar ou para cumprir uma obrigação religiosa. O culto é a expressão pública do amor dos súditos ao Seu Amado Rei. É a reverberação do amor dos fiéis, já manifesto no silêncio da hora devocional e que, agora, no meio da congregação dos santos, encontra seus iguais. A Igreja em Laodiceia precisou ser advertida pelo Senhor: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Apocalipse 3.20). Quando Cristo está à porta, não está dentro, não está no trono, não reina..., mas, Seu grande amor ainda faz soar, em batidas, o chamamento para o restabelecimento da autoridade.

Dizer, contudo, que o Reino é espiritual, não é político ou geográfico é apenas parte da realidade. Isso porque o Reino de Deus também possui uma dimensão política e geográfica. Ainda que o Senhor tenha priorizado a existência espiritual e íntima do reino, começando nos corações, divulgada pela pregação e vívida no seio da Igreja, esperamos a manifestação visível do reino, de forma material, fisicamente instaurado, com um trono e um governo terrenos. No retorno glorioso, quando Jesus estabelecer a dimensão temporal do Reino, de justiça, de verdade, de paz e de bem-aventuranças, Jerusalém será a capital terrena e o centro emanador do poder. Jerusalém será elevada à condição de objeto de glória e louvor na Terra quando Seu Rei lá estiver, gloriosamente reinando sobre todos os povos - e Seu Reino não terá fim.

A  presente reflexão nasceu de uma explanação a jovens, diante de uma bem construída maquete de Jerusalém, uma remontagem daquilo que seria a cidade aproximadamente nos anos 60 da Era Cristã, o que nos permitiu ministrar desde os tempos iniciais, com a conquista de Davi e a vitória contra os jebuseus, o crescimento da cidade baixa, a expansão para as partes altas, os dias do rei Salomão, seus sucessores, a diáspora, a restauração com Zorobabel, Esdras, Neemias, as guerras, as dominações, as revoltas, a influência grega e o poder romano. Passamos para os dias do ministério de João, de Jesus, sua morte, sua ressurreição e o pentecoste. Enquanto os jovens perguntavam e procurávamos em Deus a graça para atender as solicitações de seus intelectos, cheguei a declarar que aquela era uma cidade cheia de História, de passado. Logo o Espírito Santo, verdadeiro e fiel ensinador me corrigiu – “É uma cidade cheia de futuro”. Assim instruída, preciso divulgar a certeza das coisas gloriosas que aguardam a Cidade de Jerusalém.

O esvaziamento pelo qual passam algumas mensagens evangelísticas destitui ou ignora o papel da Cidade no contexto escatológico. O retorno, porém, à prática bíblica da proclamação apontará o Reino, anunciará o Domínio e a Majestade e restabelecerá o conhecimento do amor de Deus por Sião, “uma cidade cheia de futuro” a partir de onde reinará. Quem não prega o Reino ignora o Rei. Esteja Ele entronizado para sempre no coração daquele que lê este pequeno alerta. Seja nosso o compromisso de fazer soar as trombetas que anunciam: o teu Rei vem!

Por, Sara Alice Cavalcanti.

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