Lições da demonstração de amor de Rute

Em primeiro lugar, precisamos entender o significado da palavra amor, vocábulo muito usado atualmente. Poucos sabem o real sentido dessa palavra. Assim, devemos dar “um salto na história” para então analisarmos esse verbo tão usado, mas que algumas vezes algumas pessoas, não sabem a que estão se referindo. Na Grécia Antiga, havia mais de uma definição para o conceito de amor. A afeição para eles não era apenas sentimentos que temos quando estamos em um relacionamento amoroso (namoro, noivado e casamento). Os gregos indicavam três tipos de amores: Eros, Philia e Ágape. Porém, isso não ficou restrito somente à Grécia, pois esses termos são utilizados por muitos autores no século XXI.

Nesse contexto, o amor Eros é o “amor romântico”. Ele é caracterizado pelo romance, pela paixão e pelo desejo, além de estar associado ao prazer, à atração física e ao sexo. Philia significa “amizade”. Esse tipo de amor engloba também a lealdade, a família e a comunidade. Desta feita, o termo trata apenas sobre a “ação que o agente pratica”; mas, além disso, é preciso também visar ao bem do outro. Já o amor Ágape significa “amor” no grego moderno. Esse é o “amor por todos os seres”. Sendo caracterizado por uma “conexão com a natureza”, a humanidade e o universo. Para muitas pessoas ele pode representar o amor de Deus pelo ser humano, do Pai de todos, e o amor de Jesus por Seus discípulos.

Assim sendo, nos referimos ao segundo tipo de amor para falarmos da relação de amizade entre Rute e Noemi. O amor em hipótese alguma pode acabar! Pois é através do amor que conseguimos renovar a nossa alma. Jesus, o Filho de Deus, demonstrou isso de uma forma tão grande, que foi capaz de deixar o seu trono no céu, ao lado do Pai eterno, descer até o nosso planeta e se fazer como um de nós. Mas não apenas isso! Deus permitiu que Seu Filho tomasse essa decisão. Por quê? Pelo fato de Ele ter amado o homem de uma maneira extraordinária. Assim, parafraseando João 3.16, “Deus amou o mundo de tal maneira que permitiu que seu único filho viesse até a baixa terra e morresse no lugar da raça humana [...] para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha vida eterna”.

Dentro dessa perspectiva, podemos entender o poder do amor. Pois o nosso Pai celeste enviou Seu Filho até essa terra para morrer em nosso lugar. Nessa linha de pensamento, vemos que o amor é mais forte do que a morte. Há um fato curioso sobre isso no capítulo 11 de João. O amigo de Jesus, Lázaro, havia morrido. Após dias, o nosso mestre se deslocou até o túmulo desse homem. Jesus tinha viajado uma distância muito longa para poder chegar a essa localidade. Ao chegar, podemos ver a demonstração de amor de Jesus ao irmão de Marta e Maria: “Lázaro, vem para fora!” (João 11.43). Nessa citação, avaliamos a força imperativa do amor. Isso é tão forte que um homem que já estava morto há três dias ressuscitou. Para os céticos, isso pode ter sido algo natural, mas os que enxergam com os olhos espirituais o mundo, contemplam a presença do amor na fala de Jesus.

A relação de amor entre Rute e Noemi foi desenvolvida sobre o firmamento sólido da amizade. Nesse sentido, analisamos que em decorrência dos vários anos que Rute e Noemi conviveram juntas, Rute pôde observar sua sogra, o que ela gostava e o que não gostava. Com isso, pode analisar como sua sogra era temente a Deus e ver que mesmo passando por grandes aflições em Moabe, ela não renunciou à fé. Isso é fantástico! Rute teve um exemplo de humildade e fé através de sua sogra, exemplo este que levaria para toda a sua vida.

O amor desenvolvido por Rute não foi adquirido pela areia movediça dos interesses. Ela não era interesseira. Sabia que sua sogra não tinha tantas condições financeiras assim, porém decidiu segui-la, pois se converteu ao Deus de Noemi. A futura “princesa de Belém” não se apegou às coisas materiais de Noemi, uma vez que ela não tinha interesses, mas, sim, amou sua sogra a ponto de deixar sua família, país e os seus deuses para seguir a viúva de Elimeleque. “Então Noemi disse [a Rute]: Veja! A sua cunhada voltou para o seu povo e para os seus deuses. Vá você também com ela. Porém Rute respondeu: Não insista para que eu a deixe nem me obrigue a não segui-la! Porque aonde quer que você for, irei eu; e onde quer que pousar, ali pousarei eu. O seu povo é o meu povo, e o seu Deus é o meu Deus" (Rute 1.15,16 – NAA).

Destarte, Rute amou não apenas as coisas de sua sogra (Noemi não tinha muita renda financeira, pois seu esposo e filhos haviam morrido), mas ela amou ao Deus de Noemi e teve afetividade por ela. Coisas não são mais importantes do que o amor. O amor vai mais além do que os bens terrenos.

Referências Bibliográficas

CALÓ, Fábio Augusto. Amor: os 3 tipos de amores dos gregos. Disponível em: <https://inpaonline.com.br/blog/tipos-de-amor/>. Acessado em: 11/11/2020.
LOPES, Hernandes Dias Lopes. Rute: Uma Perfeita História de Amor. São Paulo: Hagnos, 2007.
Por, Rodrigo de Castro da Costa.

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