Professor Zhao Xiao

Professor Zhao Xiao

Famoso economista chinês converte-se e diz que só o cristianismo transformará seu país

Zhao Xiao, 47 anos, é um economista chinês proeminente em seu país, e a 12 anos ele chamou ainda mais a atenção ao escrever um estudo intitulado Economias de mercado com as igrejas e economias de mercado sem as igrejas, que defendia que o cristianismo daria a base de valores que seu país precisava para crescer. O Partido Comunista chinês leu o estudo e decidiu que enfatizaria alguns valores do cristianismo para sua economia de mercado, mas que não queria o cristianismo. Xiao aceitou; afinal, ele era ateu. Porém, seus estudos sobre o cristianismo, aprofundados em viagens aos EUA e leitura da Bíblia, acabaram o levando do ateísmo a Cristo. Isso poderia afetar negativamente sua posição perante as autoridades do seu país, mas devido a eficiência do seu trabalho como economista, sua conversão foi tolerada pelo Partido Comunista. Xiao, porém, foi desligado do partido. Ex-chefe do Centro de Pesquisas Econômicas e do Departamento de Estratégias de Ativos Estatais do Conselho de Estado da China, ele ainda sonha com o dia em que seu país se tornará cristão. Nesta entrevista, concedida Originalmente ao Frontline/World, Xiao fala sobre o que o cristianismo pode fazer a China e sua conversão.

Como surgiu seu estudo sobre a influência do cristianismo?

Escrevi o artigo em 2002. Durante aquele ano, fui para os Estados Unidos para observar e estudar que tipo de diferença há entre as economias de mercado dos EUA e da China. A única diferença fundamental que descobri é que, nos EUA, há igrejas em todos os lugares. Então, escrevi um artigo intitulado Economias de mercado com igrejas e economias de mercado sem igrejas. Essa foi a primeira vez em 20 anos de reforma e abertura da China, que alguém, no campo da economia, levou a cabo uma comparação de diferentes economias de mercado a partir da perspectiva da moralidade e de uma moral para o mercado.

O que você aprendeu?

Descobri que existe um fundamento na moralidade por trás da economia de mercado norte-americana. Na China, por outro lado, temos concentrado muito em reformas econômicas, mas não prestamos muita atenção a essa base moral. Ainda precisamos de uma transição na área da moralidade. Só esse tipo de transformação orgânica provocará uma reforma profunda.

Como o artigo foi recebido?

Ele recebeu muita atenção e, ainda hoje, tem uma influência significativa. Durante uma das últimas reuniões do 14º Comitê Central do Partido Comunista chinês, foi apresentado um relatório intitulado A decisão de aprofundar a reforma econômica. Foi um projeto político para a reforma institucional econômica, mas também começaram a incorporar conteúdo relacionado a moralidade. Ele fala sobre o estabelecimento na China de um sistema com base na confiança e apresenta três requisitos: a moralidade deve servir de apoio; o direito de propriedade, como fundação; e a Lei, como salvaguarda. Bem, estou muito feliz de ver esse tipo de pensamento, que está enfatizando fundamentos morais para o mercado para transformação econômica e tem chamado evidentemente a atenção dos decisores políticos.

Qual a relação entre a moralidade e a economia de mercado?

Uma boa ética empresarial ou moralidade nos negócios leva a um tipo de motivação que transcende a busca do lucro. Porque as pessoas querem fazer negócios? O objetivo principal seria para ganhar dinheiro. O objetivo de uma empresa é maximizar os lucros. Mas, isso pode levar as empresas a olhar para resultados rápidos e serem míopes em relação aos benefícios; a considerar os meios e ganhar dinheiro a custa de destruir o meio ambiente, a sociedade e os meios de subsistência dos outros; ou a pôr em perigo todo o ambiente competitivo do comércio. Sabemos que os EUA são um país fundado por puritanos [protestantes ingleses], e o sonho dos puritanos ao vir para a América era estabelecer ali "uma cidade sobre uma colina", para deixar "o mundo inteiro ver a glória de Jesus Cristo", em quem eles acreditavam. Então, seu propósito era fazer negócio para glória de Deus. Se minha motivação para fazer negócios é a glória de Deus, então há uma motivação que transcende os lucros. Eu não posso usar métodos malignos. Se uso métodos maus para ampliar a empresa, para ganhar dinheiro, então isso não vai trazer glória a Deus. Portanto, trazer glória a Deus pode fornecer uma motivação transcendente para os negócios, e esse tipo de motivação transcendental não só beneficia um empreendedor, fazendo seu comportamento profissional ser adequado, mas também a continua inovação do empreendedor.

Como o Partido Comunista reagirá ao avanço do cristianismo?

Sabemos que pelo menos a Constituição da China permite a liberdade de religião. Creio que a constituição da China tem espaço suficiente para todos os tipos de crenças, incluindo o cristianismo. Sabemos também que o Partido Comunista chinês está ultimamente fazendo questão de buscar a verdade dos fatos e avançar juntamente com os tempos. E quanto à questão de permitir ou não que pessoas com crenças religiosas entrem no Partido Comunista, acredito que ainda haverá uma mudança histórica.

Como veem suas teorias?

Falo à eles sobre como a transformação da China deve ter um fundamento moral e isso tem se tornado um consenso generalizado. Só que, ao mesmo tempo, proponho que a formação desse tipo de moralidade se dê por meio de uma mistura entre a cultura tradicional da China e as crenças cristãs. Por isso, pensei que muitas pessoas se oporiam a mim, incluindo durante uma recente discussão que tive sobre esse assunto na Universidade de Tsingua com a presença de muitos da elite chinesa. Mas, o que me surpreendeu é que todos eles me apoiaram! Há aspectos do meu argumento de que eles discordam. Por exemplo: meu uso dos EUA como exemplo. Eles não concordam. Eles dizem: "Há algumas áreas em que os Estados Unidos não fazem um bom trabalho". Eles não concordam com a minha prova, mas concordam com meu ponto de vista global. Isso me permitiu ver que hoje o povo chinês tem um grande apetite. Eles são capazes de digerir qualquer coisa. Estão dispostos a provar e comer. Independentemente de ser medicina chinesa ou medicina ocidental, o que importa é que cure a doença. Se comer cozinha chinesa vai me fazer mais forte, então vou comê-la; e se o alimento ocidental torna me mais forte então vou comê-lo. Como dizemos na China, "o mar pode acomodar uma centena de rios".

Como você se converteu?

Em 2002, quando publiquei meu estudo, eu não era cristão. Só estava seguindo minhas observações como estudioso e fiz algumas observações racional e friamente. Mas, desde então, comecei a observar as igrejas americanas, a visitar seus cultos e observar. Dentro dessas igrejas vi algumas cenas muito tocantes. As pessoas foram todas muito simpáticas e eram todas muito felizes. Fui especialmente tocado quando vi casais de 70 ou 80 anos de idade que ainda eram como os jovens apaixonados. Isso realmente me comoveu. Vi também a amizade e a boa vontade entre as pessoas, a alegria que vem das profundezas do coração e o amor mútuo. Isso realmente me comoveu. A partir daí comecei a estudar a Bíblia. Mas a minha motivação inicial para o estudo da Bíblia não era realmente pura. Meu objetivo não era provar que havia um Deus. A razão é simples: primeiro de tudo, eu acreditava que não era realmente uma boa pessoa. Sentia que eu tinha um monte de maus pensamentos e fiz um monte de coisas ruins. Portanto, se havia um Deus, os pensamentos ruins que eu tinha, Ele saberia; qualquer uma das coisas ruins que fiz, Ele saberia. Para mim, isso era muito desconfortável, então eu preferia que não existisse um Deus. Então, foi assim que estudei a Bíblia: eu queria provar que ela era um bom livro, mas que não havia nenhuma verdade espiritual nela. Mas, depois de lê-la por mais de três meses, admiti a derrota. Descobri que esse tipo de livro a China não tem. A China tem livro sobre moralidade - por exemplo, os livros de Confúcio. A China também tem trabalhos muito filosóficos, como o Laozi. A China também tem muitos escritos inteligentes, como os textos budistas. Mas a China não tem um livro como a Bíblia. A Bíblia é um livro que sustenta sua inspiração a partir da vontade de Deus. Ela fala sobre a história do relacionamento entre Deus e os seres humanos, e esse tipo de livro não existe na China.

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